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Foto do escritorRomeu Waier

Críticas do Conde | Batatas Fritas ao molho sugo | Tomo 1




"Não há distância, curso, profissão ou família que impeça alguém de fazer teatro. Uma vez que se decida viver nesse universo, o resto pode ser reorganizado a favor dele." R.W



No dia 21/11/2024, o Grupo Teatral Vemevê, em parceria com o Grupo Teatral Alakazan, apresentou a esquete teatral “Batatas Fritas ao Molho Sugo”, uma montagem que, no início de seus ensaios, foi planejada para ser apresentada em um festival de teatro, destinado ao público de teatro. Contudo, devido a imprevistos, acabou sendo executada na Mostra Cultural do Instituto Federal Farroupilha. Esse deslocamento, no entanto, em nada afetou a recepção do público, já que a esquete foi aplaudida de pé.

Entrelaçado ao Grupo Vemevê, temos o Grupo Alakazan, formado por jovens que, pela primeira vez, participam de um projeto de teatro no campus de Panambi. Esse projeto não tem como única premissa o aprendizado teatral, mas sim a apresentação do ofício e do dogma teatral, que pode ser difícil, exaustivo e sacrificante. Por outro lado, quando realizado com dedicação e entrega, o teatro tem o poder de revelar grandes artistas.

O Projeto Alakazan prepara alunos para se tornarem artistas do Vemevê e, portanto, espera o melhor de cada participante. Trata-se de um aprendizado que custaria cursos caríssimos, mas é disponibilizado gratuitamente no Instituto Federal Farroupilha.





Quando falamos de teatro de grupo, estar em cena é o menor dos problemas. Precisamos de uma equipe disposta a ensaiar até tarde, montar cenários, organizar figurinos, desmontar o cenário, limpar, guardar e ainda assim divulgar o espetáculo. Fazemos tudo. E, por se tratar de um grupo, devemos colaborar em união para que o trabalho não pese apenas sobre alguns.


"Todo artista deve ter seu kit de maquiagem, grampo, gell, laque, meia calça, sapatilha etc. E deve procurar ser independente, não espere ser maquiado, vestido, arrumado. Busque sua profissionalização"


Nesse sentido, quero parabenizar a montagem do cenário que ocorreu no dia anterior (20/11/2024): Romeu Waier, Eliani Aléssio, Nara Medeiros, Fernanda Caroline, Matheus Mayer, Yasmim de Oliveira, Tainá Barboza e Isa Mareth. Graças a vocês, no dia 21 estávamos com coxias e treliças montadas!


Por outro lado, a equipe inteira (Alakazan e Vemevê) poderia ter se esforçado um pouco mais para organizar o aparato no final do espetáculo. Todos deveriam ter ajudado a desmontar e guardar o cenário. Um grupo de teatro pode acabar por conta da forma como organiza suas coisas no final de uma matinê. Estamos cansados, exaustos, mas isso não deve ser motivo para negligência.





Cecília Barbosa abre a esquete com uma presença cênica muito forte. Seu figurino, em união com a música de entrada, deixa sua passagem pelo palco memorável. Mesmo com poucos ensaios, conseguiu surpreender o público. Diria para ela buscar conciliar melhor os ensaios com o teatro, uma vez que tem muito talento para seguir nas artes cênicas.


Guilherme Goi – um nome de artista feito! Sempre foi uma presença constante nos ensaios do Alakazan, faltando pouquíssimas vezes. Ele sobe ao palco como um grande ditador. Sua construção física e vocal ficaram perfeitas. Ainda que caricaturado, transpareceu naturalidade, dando mais vida ao personagem. Fiquei com vontade de assisti-lo interpretando o Sr. Tépan.


O grande elenco de protestantes estava coeso e cheio de energia. Contudo, acredito que poderia ser ainda mais visceral, já que os personagens lutam por algo em que acreditam com todas as forças. Vale a pena pesquisar e explorar esses elementos energéticos e como administrá-los no corpo.


Yasmim de Oliveira e Nicole de Matos construíram duas crianças mortas incríveis: voz alta, presença forte e bom ritmo.


Matheus Freiras, como protagonista, consegue conquistar o público com sua astúcia, magnetismo e projeção de voz. Um personagem que carrega uma inocência e ignorância diante da guerra, representando tantas camadas sociais. Consigo perceber que é um aprendiz de ator criativo, o que é excelente. Deve aprender a colocar sua criatividade a serviço da direção. Não tenha medo de ser ousado, provocar e criar em conjunto com o grupo. Terá um caminho próspero no teatro se assim desejar e conseguir administrar as várias demandas sociais que todos enfrentamos.


Júlia Noll demonstra coragem e força, jogando-se de um pódio sem medo de se machucar. Tem iniciativa e criatividade interessantes, ainda que possa explorar mais sua personagem. Se pudesse aconselhá-la, diria para não expor sua criação antes de a peça começar. Por mais que seja um cerimonial protocolar, precisamos respeitar a criatura que damos vida em cena. Esse respeito torna nosso ofício sério e cerimonial, algo que defendemos desde eras primitivas. Parabéns pela administração do projeto Alakazan! Esperamos vê-la mais em cena!


Tainá Barbosa tem uma carga dramática forte, um sarcasmo que funciona com sua personagem. Vejo uma busca que, sem dúvida, pode se tornar uma conquista. Se pudesse aconselhá-la, diria para ter mais iniciativa na construção cênica de sua personagem. Não tenha medo de ousar, ser provocativa, manipuladora, triste... O público quer ver todas essas facetas! Parabéns pela sua dedicação em ver teatro e vive-lo.


Amaral guarda uma potência que vem, pouco a pouco, mostrando ao público e aos colegas. Sua humildade em aprender é uma grande força. É criativa, participativa e parece pronta para viver do teatro. Enquanto Forasteira, demonstrou profundidade, ainda que precise trabalhar melhor a projeção vocal e as diferentes nuances de sua persona. Parabéns pela dedicação humilde e constante!


Nara Medeiros é um furacão em cena, daqueles que só percebemos quando começa a chover. Sua enfermeira estava impecável, sedutora e arrebatadora. Admirei muito sua sensibilidade em perceber o melhor de cada um. Espero vê-la ainda mais dedicada ao teatro no Rio Grande do Sul. Você pertence à arte.


Eliani Aléssio traz uma intensidade em cena que domina o espaço. Sua Sr. Tépan estava ótima, com projeção de voz, desenho corporal e figurino impecáveis. Como educadora, tem potencial para inspirar os novos atores, ensina-los, guia-los. O Teatro em Panambi precisa de você! Parabéns!


Parabéns a toda equipe criativa que tanto nos ajudou nas coxias e também no espetáculo!




Espero, do fundo do coração e dos deuses do teatro, que possamos voltar a apresentar este espetáculo, seja de forma remunerada ou voluntária, levando arte ao público e destacando os talentos de cada um.


Parabéns turma de 2024!




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