O Expressionismo foi um movimento muito diversificado, fundado por dois grupos: A Ponte, de 1905, e O Cavaleiro Azul, de 1911, que reuniram majoritariamente artistas alemães. Em uma segunda fase, monta-se o grupo Nova Objetividade, já de caráter internacional. Embora não houvesse um manifesto ou uma declaração programática dos objetivos e procedimentos da arte expressionista, podem ser apontadas como principais as seguintes características:
O entendimento de que a experiência da realidade é subjetiva;
a valorização da gravura e da arte primitiva;
a deformação das formas e o uso de cores vibrantes para ressaltar o sentimento, a interioridade;
a poética do feio, a representação do que é tido como indesejável;
a preferência por temas sombrios e mórbido
Em vez de captar a realidade, o Expressionismo cria a realidade, em um movimento do interior para o exterior, valorizando aspectos irracionais e instintivos no procedimento artístico. Engajados em um projeto de crítica social de seu tempo, os expressionistas comumente elegiam temas relacionados à angústia da condição humana, à morte, ao medo, ao sexo, muitas vezes representados de maneira sombria e com figuras deformadas. Para os expressionistas, arte liga-se à ação, muitas vezes violenta, através da qual a imagem é criada, com o auxílio de cores fortes – que rejeitam a verossimilhança – e de formas distorcidas. Formado por artistas como Ernst Ludwig Kirchner (1880-1938), Karl Schmidt-Rottluff (1884-1976), Erich Heckel (1883-1970), Emil Nolde (1867-1956), Ernst Barlach (1870-1938), entre outros, o grupo define objetivos e procedimentos que ficam, daí por diante, associados ao movimento alemão: o caráter de crítica social da arte; as figuras deformadas, cores contrastantes e pinceladas vigorosas que rejeitam todo tipo de comedimento; a retomada das artes gráficas, especialmente da xilogravura; o interesse pela arte primitiva. Essa poética encontra sua tradução em motivos retirados do cotidiano, nos quais se observam o acento dramático e algumas obsessões temáticas, por exemplo, o sexo e a morte.
O advento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) também influenciou profundamente os artistas expressionistas. O combate, que devastou a Europa e ceifou um enorme número de vítimas, trouxe à tona um cenário de sofrimento, fome, recessão econômica e deterioração moral.
Expressionismo na literatura
São características da poética expressionista:
a ênfase na subjetividade do escritor, que projeta nos textos sua percepção da realidade;
a linguagem direta e a liberdade formal;
a descrição pormenorizada da interioridade das personagens;
a inclinação ao grotesco e ao uso de metáforas hiperbólicas.
Escritores: Kurt Pinthus, Mário de Andrade, Lasar Segall, Oswald de Andrade
Exemplo de um texto expressionista tirado do livro de Mário de Andrade, onde o mesmo descreve o impacto da Floresta da Tijuca em Fräulein Elza. Ao apreciar o magnífico espetáculo da natureza brasileira, a alemã é tomada por sensações e impressões que alteram o modo como vê montanhas e árvores.
“A luz delirava, apressada a um vago aviso da tarde. Era tal e tanta que embaçava de ouro a amplidão. Se via tudo de longe num halo que divinizava e afastava as coisas mais. Lassitude. No quiriri tecido de ruidinhos abafados, a cidade se movia pesada, lerda. O mar parava azul. […] Fräulein botara os braços cruzados no parapeito de pedra, fincara o mento aí, nas carnes rijas. E se perdia. Os olhos dela pouco a pouco se fecharam, cega duma vez. A razão pouco a pouco escapou. “
Expressionismo no Teatro
O teatro expressionista vem opondo-se à reprodução autêntica da realidade, característica esta própria do naturalismo, de forma a renunciar a imitação do mundo exterior e concentrando-se em refletir a essência das coisas através de uma visão subjetiva e idealizada do ser humano.
Os personagens mudam de identidade, também podendo assumir o papel de coisas e vice-e-versa, além do fato de dramatizar o que não é real de modo a distorcer a realidade objetiva. Expor o que está pensando o personagem. O expressionismo possui uma forte filiação ao Romantismo, ocorrendo no teatro fortes tendências de extremo exagero, a deformação de figuras e a busca pela expressão dos sentimentos e emoções do autor de forma que é exprimida a essência do drama através da ação antinaturalista.
Recursos dramáticos são utilizados com demasia para enfatizar a evolução psicológica do personagem, que é mais do que um elemento cênico, mas portador de ideais de libertação de modo a exprimir ideologias que visam transformar a sociedade. A expressão é mais do que um detalhe e um exagero no teatro expressionista. É a sua essência de maneira ética e filosófica, sendo a melhor maneira para tratar dos assuntos mais sérios da sociedade através do teatro, onde o íntimo dos personagens são explorados e colocados em cena de forma muito intensa.
Dramaturgos Expressionistas: August Strindberg, Georg Kaiser, Sophie Treadwell, Franz Werfel, Ernst Toller, Nelson Rodrigues…Dança\performer: Mary Wigman, Navy Black Brown, Annie Leibovitz, Martha Graham, Kazuo Ohono
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