Era Elisabetana
Antes de falarmos sobre esses grandes dramaturgos vamos nos situar primeiro nessa história. A primeira coisa que temos que ter em mente é que eles viveram em uma época chamada Elisabetana. O período elisabetano é o período associado ao reinado da rainha Isabel I de Inglaterra, também conhecida como Elizabeth em inglês (1558–1603).Esta época corresponde ao ápice da renascença inglesa, depois da idade média, na qual se viu florescer a literatura e a poesia do país. Este foi também o tempo durante o qual o teatro elisabetano cresceu, e Shakespeare, entre outros, escreveu peças que rompiam com o estilo a que a Inglaterra estava acostumada.
O termo Renascimento possivelmente foi primeiramente utilizado pelo crítico de arte Giorgio Vasari, por volta de 1550, para marcar a diferença em relação à Idade Média. A diferença era marcada principalmente pelo humanismo e pelo racionalismo adotado pelos renascentistas.
O humanismo se expressava principalmente através do antropocentrismo, buscando colocar o homem como centro do universo e medida de todas as coisas. Dessa forma, opunha-se ao caráter religioso das concepções filosóficas medievais, que tinha Deus como centro do universo. O racionalismo do Renascimento estava ligado à utilização da observação empírica e da utilização de conhecimentos matemáticos, principalmente, para a produção artística e do conhecimento humano sobre o mundo.
A perspectiva renascentista afastava-se dos dogmas católicos, mas não excluía totalmente os temas religiosos. O que os artistas do Renascimento fizeram foi dar um caráter humano à representação das histórias religiosas, principalmente no campo das artes.
Destacaram-se no campo das artes plásticas nomes como Sandro Boticelli, Rafael Sanzio, Pieter Brueghel, Bosch, El Greco, Michelangelo e Leonardo da Vinci. Esses dois últimos são exemplos de que os artistas do período não se limitavam a uma especialidade artística, contribuindo para a arquitetura e as ciências, por exemplo.
Na literatura houve nomes como os de Dante Alighieri, William Shakespeare, Rabelais, Miguel de Cervantes, Nicolau Maquiavel e Luiz Vaz de Camões.
Nas ciências, destacaram-se Nicolau Copérnico, Galileu Galilei e Johann Kepler.
TEATRO ERA ELISABETANA
Ainda que inspiradas pelos valores do teatro clássico, as tragédias shakespearianas têm uma diferença marcante que é a morte e o sofrimento do herói em cena, aos olhos do público. Nas tragédias gregas isso jamais ocorria, era apenas narrado pelo Arauto. Aqui é totalmente exposto e interpretado.
Segundo Burckardt (apud BERTHOLD, 2006, p. 269) “as duas molas propulsoras da Renascença foram a liberação do individualismo e o despertar da personalidade”.
Para entender o que diz o autor, é preciso recuar alguns anos na História. Durante toda a Idade Média, não houve individualismo. Não havia espaço para as questões e angústias individuais, o que importava era a servidão a Deus, a obediência cega à Igreja. Não havia, portanto, discussão sobre personalidade. Se alguém nascia vassalo, seria vassalo sempre; do mesmo modo, se alguém era ungido com um trono e um cetro, seria rei sempre, era um dom divino.
O Renascimento representa, dessa forma, um emergir do homem, uma busca de entender questões relacionadas ao cotidiano desse homem, que não é só mais um. O homem passa a ter idiossincrasia, passa a ter direitos e a questionar seus deveres.
A arte busca no Classicismo greco-romano as bases para esse novo pensamento. O homem deixa de se anular em nome de uma religião, cujo principal interesse era exatamente garantir essa anulação do homem, em favor de seus próprios interesses, nem sempre tão divinos assim.
Evidentemente, esse processo não aconteceu rapidamente nem de maneira fácil e pacífica. A igreja não aceitou tamanha mudança de comportamento. Veja o drama, por exemplo, durante a Idade Média, a Igreja usou o teatro como forma de doutrina, acontecendo dentro das igrejas ou ao redor delas, de forma processional. Quando o teatro adquire certa secularidade e deixa de ser interessante à Igreja, ela o proíbe então.
A literatura do período elisabetano não foi exatamente original. Essa busca pelo classicismo significou uma retomada de antigos ideais. Antigos textos passaram a ser relidos e reintegrados à vida artística do século XVI. Dentre os clássicos, podemos destacar Sêneca (tragédia) e Plauto (comédia) (BURGESS, 2001) como os maiores influenciadores.
Plauto (254 a.C. – 184 a.C.) foi um comediógrafo romano que, apesar do pouco estudo, influenciou muito o teatro elisabetano. Tem como principal característica uma “comédia de situações robusta, na qual predominavam elementos farsescos e chistes burlescos. Personagens cômicas, identidades trocadas, intriga e sentimentalismo burguês…” (BERTHOLD, 2006, p. 144)
Inspirados nos circos da época, os teatros elisabetanos inicialmente eram improvisados ao ar livre. Com o aumento da popularidade, foram surgindo os primeiros teatros, que eram construções simples, geralmente circulares ou hexagonais.
Disposta próxima ao palco, a plateia era cúmplice da ação dramática: os atores e o texto se comunicavam nas entrelinhas com o espectador, tornando o Teatro Elisabetano uma espécie de metateatro em sua forma. A ausência de grandes cenários ornamentados também facilitava a relação de intimidade entre personagens e público
OS 3 DRAMATURGOS
Marlowe
Christopher Marlowe (batizado a 26 de fevereiro de 1564 — 30 de maio de 1593) foi dramaturgo, poeta e tradutor inglês, e viveu no Período Elizabetano. É considerado o maior renovador da forma do teatro do período com a introdução dos versos brancos, estrutura que será empregada por Shakespeare. Inclusivamente especula-se que ele será o próprio, como uma segunda identidade, e senão, pelo menos, se não for assim, parece ter sido provado que teriam trabalhado em conjunto na composição de algumas peças de teatro.
Especula-se que Marlowe tenha atuado como agente secreto para Francis Walsingham. Segundo o depoimento dos seus assassinos Christopher Marlowe foi morto ainda jovem numa briga de taverna em maio de 1593, se bem que não se tenha a certeza do que aconteceu naquela tarde fatídica.
No teatro grego, o herói era sempre conduzido pela vontade dos deuses, podendo-se supor a plateia como mera espectadora. No teatro medieval, as personagens eram figuras bíblicas e, embora a comunidade participasse ativamente da montagem dos espetáculos, prevalecia certo distanciamento com relação à vida cotidiana. “É no teatro secularizado moderno que encontraremos personagens que vivem situações em que se refletem as virtudes e fraquezas do ser humano”.
Shakespeare parece ser o único nome a vir à mente quando se menciona o teatro elisabetano, mas destaca-se na pesquisa outros três importantes dramaturgos do período: Christopher Marlowe, que poderia ter alcançado o mesmo status de Shakespeare, não fosse sua morte prematura; Ben Jonson, cuja obra é bastante extensa. Observa-se que mesmo nas tragédias como Hamlet e Otelo, Shakespeare sempre proporcionava um momento de alívio para a plateia, incluindo uma situação cômica. “Shakespeare fazia uso de verso e prosa, agradando tanto aos letrados, que iam ouvir mostras da maestria dos autores, como ao povo, que conseguia compreender e participar do espetáculo”. Já Marlowe Renomado dramaturgo, poeta e tradutor da era elizabetana, sempre foi considerado uma influência para Shakespeare. Acredita-se que pelo menos 17 peças de Shakespeare tenham tido constribuição dele.
Peças escritas por Marlowe
WILLIAM SHAKESPEARE
William Shakespeare
Shakespeare foi um autor, diretor, ator, e dramaturgo que nasceu em 23 de abril de 1564, na cidade inglesa do de Stratford. De família de Classe média interiorana, casou-se pela pressão da família e teve 3 filhos. No ano de 1591 foi morar na cidade de Londres onde trabalhava como guardador de carroças e cavalos na frente dos espetáculos, começou a copiar peças e representar pequenos papéis. Logo após se tornou o copista oficial da companhia Lord Chamberlain’s men de James Burbage, onde também Representava e adaptava peças de autores anônimos ,e Posteriormente no Globe Theatre, juntamente com Burbage, no qual, se tornara sócio e já apresentava suas obras à corte real. Registros de propriedade e investimentos tornaram Shakespeare um homem rico, e logo estava escrevendo o maior número de peças apresentadas da companhia.
No contexto histórico, a Inglaterra vivia os tempos de ouro sob o reinado da rainha Elisabeth I e favorecia o desenvolvimento cultural e artístico, pois era o apíce do renascimento, no qual a europa começara a se libertar da era das trevas, e as artes estavam se afastando da igreja, dando cada vez mais autonomia aos artistas num todo para manifestar suas obras A arte busca no Classicismo greco-romano as bases para esse novo pensamento. O homem deixa de se anular em nome de uma religião. O movimento artístico assim como as obras de Shakespeare trataria de temas próprios dos seres humanos, independente do tempo histórico. Amor, relacionamentos afetivos, sentimentos, questões sociais, temas políticos e outros assuntos, relacionados a condição humana. O teatro deste período, conhecido como teatro elisabetano, foi de grande importância e marcam até os dias de hoje o cenário teatral. foi também graças à recuperação e tradução pelos humanistas de numerosos textos gregos e latinos clássicos, vale ressaltar a importância dos textos teatrais, como as comédias de Plauto e Terence e as tragédias de Sêneca e as obras teóricas, como a Poética de Aristóteles.
Shakespeare tem em média 40 peças, 150 sonetos e 3 livros publicados .Em 23 de abril de 1616 faleceu na sua cidade natal o maior dramaturgo de todos os tempos, de causa ainda não identificada pelos historiadores.
Shakespeare Inventou o ser humano como nós o conhecemos. Livre, individual e subjetivo. E sem ele não haveria entendimento do homem no mundo moderno.
Imagem supostamente real de Shakespeare aos 33 anos, retirada de um livro de botânica de 1597. Descoberta pelo historiador Mark Grifiths.
*Há teorias que Shakespeare seria um pseudônimo para um grupo de atores da companhia pela quantidade de obras e conhecimento necessário para escrevê-las. Pelos poucos anos de estudo de Shakespeare. Mas o que não passa ainda apenas como especulação.
Principais obras:
– Comédias: O Mercador de Veneza, Sonho de uma noite de verão, A Comédia dos Erros, Os dois fidalgos de Verona, Muito barulho por coisa nenhuma, Noite de reis, Medida por medida, Conto do Inverno, Cimbelino, Megera Domada e A Tempestade.
– Tragédias: Tito Andrônico, Romeu e Julieta, Julio César, Macbeth, Antônio e Cleópatra, Coriolano, Timon de Atenas, O Rei Lear, Otelo e Hamlet.- Dramas Históricos: Henrique IV, Ricardo III, Henrique V e Henrique VIII.
by Abraham van Blyenberch, oil on canvas, circa 1617
BEN JONSON
Benjamin Jonson, conhecido como Ben Jonson (Westminster, 11 de junho de 1572 — Londres, 6 de agosto de 1637), foi um dramaturgo, poeta e atoringlês da Renascença, contemporâneo de Shakespeare. Entre suas peças mais conhecidas estão Volpone, The Alchemist (O Alquimista) e Bartholomew Fair: A Comedy (A Feira de São Bartolomeu: uma Comédia).
Começou a afirmar sua reputação quando a trupe Lord Chamberlain’s Men montou pela primeira vez uma de suas peças que tratam de humor, Everyman in his Humour (Cada Homem em seu Humor), em 1598 e que foi representada no Globe Theatre pela Companhia de Shakespeare. Shakespeare atuou na sua primeira encenação ambientada na Itália, e também na versão “londrinizada” de Jonson.
Pouco depois da estréia da peça, num duelo em 22 de setembro, Ben Jonson matou Gabriel Spencer, um ator que passara um período preso com ele, na prisão de Marshalsea. Para escapar da forca, Jonson reivindicou isenção de julgamento por ser letrado e, para provar que sabia a língua, realizou em latim a leitura de um poema. Escapou da forca, mas foi marcado com ferro em brasa na base do seu polegar esquerdo com a letra “T”, de Tyburn (lugar em Londres onde, até 1783, eram executados criminosos), para identificá-lo caso viesse a matar outra vez.
Ben Jonson volta a trabalhar como mestre de obras, porém retornou ao teatro em seguida, com o seu trabalho Every Man Out of is Humour (Cada Homem fora de seu Humor). No prólogo da peça ele diz fazer a cada quinze dias uma “boa refeição em companhia de atores”, embora viva de “feijão e leitelho” em casa.
Suas tragédias Sejanus, de 1603 e Catilina, de 1611 foram muito apreciadas na época, mas Ben Jonson foi sobretudo um autor de comédias como Volpone, de 1605, Epiceno ou a Mulher Silenciosa, de 1609, O Alquimista, de 1610, Bartholomew Fair, de 1614 e outras.
Jonson foi também um expoente da lingüística, por sua atenção à fonética e classificação dos verbos. Embora sem curso universitário, Ben Jonson se tornou um dos homens de maior cultura de seu tempo.
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