Oficina de Laban- 2019
Em janeiro fui participar de mais uma das minhas aventuras dentro do Grupo em conjunto com Eliani Alessio. Quando ficamos sabendo da oficina que iria ter, primeiramente ficamos muito em duvida do que seria Laban. Nunca tinhamos ouvido falar. Foi então que fui fazer uma pequena pesquisa de campo alguns dias antes da tal oficina. Quem iria admistrar a oficina era uma integrante dos ‘velhos tempos do grupo Maschara. Angelica Ertel, que havia feito um dos personagens da Peça ” Esconderijos do Tempo”de Mario Quintana, adaptada para o palco pelo Grupo Máschara. Foi então que descobri:
”Rudolf Laban, nome artístico de Rezső Keresztelő Szent János Attila Lábán (Pressburg, atual Bratislava, 15 de Dezembro de 1879, Inglaterra, 1 de Julho de 1958), foi um dançarino, coreógrafo, teatrólogo, musicólogo, considerado como o maior teórico da dança do século XX e como o “pai da dança-teatro”. Dedicou sua vida ao estudo e sistematização linguagem do movimento em seus diversos aspectos: criação, notação, apreciação e educação. ”
Então o tal Laban havia muitas coisas a nos ensinar. Os criterios e coisas a levar para a oficina, eram bem simples. A letra da musica ” Geni e o zé Pelim” de Chico Buarque. E uma pequena manta. No dia nos foi dado uma apostila com todo o cronograma explicando as atividades que iriamos fazer. Angelica cumpre com perfeição sua fama no grupo Máschara, dedicada e detalhista. Percebi então que estariamos em boas mãos, e me deixei levar pelas atividas que a mesma propunha. Logo de incio nos foi explicado oque era a tecnica de Laban. E como Angelica usava em suas praticas teatrais ou na propria musica. Com todo profissionalismo Angelica nos deu algumas folhas. Em uma delas continha o Quadro de Dinamicas. Aonde continha formas de usar a voz e criar uma partitura do texto. Empurrar, flutuar, torcer, pontuar, socar, sacudir e chicotiar. Esses mesmos termos poderiam ser usados no corpo. Com a noção espacial de Laban que a mesma nos explicou.
Aplicamos o quadro da dinâmica na musica do Xico Buarque, confesso que achei difícil. Para mim a voz sempre foi uma das maiores dificuldades dentro da area do ator. Por tanto foi de extrema importância esta oficina para mim. Aprender usar a vóz sendo ator é um impulsionamento muito forte. Angelica sempre se colocou de uma forma muito dedicada,intensa a nos fazer perceber os acertos e erros. Isto pode ter causado um medo interno de se expor, oque resultou em atraso do fim da aula. Atores vieram para errar mil vezes até ter um pequeno acerto. Não deixe com que seu medo o paralise. Nos exercicios a mesma percebeu o meu nervosismo e fizemos um pequeno exercicio para relaxar. Fiquei muito grato pelo cuidado e carinho. As vezes acabamos nos acostumando com uma forma de um Diretor direcionar a aula, e isto pode ser destrutivo, ja que causa uma zona de conforto. Pude perceber com muita clareza a diferença em que Cleber Lorenzoni dirigia suas aulas e logo apos Angelica Ertel. Fiquei admirado percebendo como Cléber respeitava o espaço da oratória para Angelica. Nos tornamos colegas por alguns dias, confesso que é estranho voce ter seu diretor como colega por alguns dias, mas consegui me soltar. Angelica criticou e ajudou todos igualmente, não havia privilégios ou arrogância. É engraçado perceber como algumas pessoas não tem noção de sociabilidade e acabam causando seus proprios momentos ruins e culpando os oradores.
Um dos exercícios mais intensos, divertidos e desafiadores se chamava Dança Coral de Laban. Era um exercício aonde apenas uma luz fraca era mantida acesa e todos os atores dançavam no ritimo da musica que era colocada, logo apos os ritimos eram mudados para o quadro,de dinamicas de Laban, aonde era usado a manta como uma extensão do seu proprio corpo. Neste momento deviamos adentrar a esfera do colega e se deixar levar pelo movimento que o mesmo fazia. Foi tão incrivel pois em um determinado momento eramos quase um unico orgão pulsando com ritimos. Pude ver o universo de cada um e me aventurar nele.
Para encerrar fizemos um outro exercicio muito intenso chamado Nucleo Imutavel. Aonde quem se sentisse a vontade criaria um numero que possa lhe representar. Algo tão intimo que poucos ousariam fazer. Os numeros apresentados foram lindos e intensos. Foi feito um circulo com os colegas, cada um apresentou o seu proprio numero. No meu fiz um playlist com risadas em um fundo chuvoso. Enquanto estava vestido com um manto sacerdosio ritualistico com uma sacola de plastico amarrada na cabeça. Enquanto andava até o circulo me chocava ao chão enquanto as risadas do fundo aumentavam. No final de tudo rasguei o saco plastico após ter sido sufocado cenicamente com ele. De todas as apresentações não tem como não falar de tres delas, que me chamaram muito a atenção. Para começar o nucleo imutavel da Eliani Alessio. Com seu espelho, demonstrando o reflexo do amor incondicional e seus proprios defeitos clonado no outro. É uma mensagem linda que somos todos iguais no fundo de nossa alma, com defeitos e qualidades. Logo em seguida vem Dulce Jorge, a mãe do Grupo Máschara, me encantou com sua doçura e ingenuidade do seu numero de Clown, um toque excessivo de guardar todas as coisas em baixo do travesseiro que se tornava cômico a cada exagero do seu personagem. Para encerrar Cleber Lorenzoni fez todos cairem em lagrimas com seu núcleo imutavel. Com apenas um Castiçal com velas acesas e sua capacidade cenica e intensa, foi capaz de nos tocar de uma forma tão simples e comovente. Podemos ver no seu nucleo todo seu cuidado com seus sonhos e seres amados, toda sua dedicação e entusiasmo em conquistar oque conquistou. E principalmente o carinho enorme por todos os seus alunos e colegas.
” – Eu seguro minha mão na sua para que juntos possamos fazer aquilo que eu não posso, aquilo que eu não devo, e aquilo que eu não vou fazer sozinho, merda! ”
foto final da Oficina
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