top of page
Foto do escritorRomeu Waier

Tomo 1| Críticas do Conde- "Frida e Fritz- Um casal muito legal"


Por que fazemos oque fazemos? Qual o objetivo final de tudo isso? Oque é ser um ator? Oque é profissionalismo? Oque diferencia um grupo amador, de um grupo profissional? Oque você tem feito para a arte se estabelecer?


Essas são algumas das perguntas que surgem dentro de um processo criativo e de produção cultural de grupos, coletivos e trupes teatrais, principalmente em seu início, onde juntos definimos oque seremos. Até porque é na gestação que a natureza define muito do que serão seus filhos, o processo pedagógico, natural que surge do ventre, da mãe natureza, do cosmo, das mães de todo mundo, carrega o mesmo processo.  O teatro em Panambi esta florescendo em cadências cada vez maiores e assim como um solo que ainda não foi fertilizado, precisa ser tratado, cuidado, para que as flores possam surgir. Assim é fazer teatro no interior, precisamos educar o público, as prefeituras, os produtores e as entidades culturais, e isso não é culpa deles, mas sim nossa responsabilidade. O teatro em Panambi dificilmente estabeleceu-se de forma profissional, por tanto não a referencial, e é nosso dever exigir, ensinar e explicar como si deve tratar-se o teatro, os atores e todo o processo de produção cultural envolvendo arte cênicas. Mas como faremos isso se não nos impusermos? Uma vez li em um livro que existem 4 palavras que resumem o processo evolutivo do homem. Saber, Querer, Ousar e Calar. Às vezes a tempos de calar, para podermos ouvir tudo oque ha ao nosso redor. Então entramos no processo de Saber, onde estudamos, pesquisamos e aprendemos tudo oque pudermos, então chega o tempo de Querer, onde se luta para conquistar o espaço que se procura, então finalmente chegamos no momento do Ousar, onde enfrentamos o medo do imprevisível e estabelecemos o novo. 





Enquanto produtores culturais, fazedores de arte, e amantes do teatro devemos nos questionar “Dentro desse espaço que eu ocupo, como posso reivindicar o respeito pelo teatro? “. Vejo produtores com medo de prefeituras, agentes públicos e outros mais representantes da sociedade, que deveriam estar representando a classe cultural, não sendo questionados pelos produtores, por simples medo. Eles estão lá justamente para nos ouvir, e vocês os temem, os deixam que os tratem como bem entender. Isso é desrespeitoso com vocês mesmos e principalmente com o teatro. Chegou o momento de deixar a covardia trancada em casa, e ousar pelo teatro, pelo respeito que vocês merecem. Não adianta reclamar para o diretor, para o colega de trabalho, você precisa erguer-se da mesa, levantar o dedo e dizer“ Enquanto produtor cultural do segmento teatro, me sinto extremamente desvalorizado por não ter uma entidade cultural do poder público no nosso evento”, “Por não ter camarim”“ Por não sermos chamados em eventos culturais”“ Por não termos uma sala de ensaio” “Por não termos uma casa de cultura”. Chegou a hora de deixar de temer o imprevisível, e ajudar ao poder público a construir a respeitabilidade pelo teatro, pela cultura. Às vezes a negligência é fruto da ignorância, e devemos ajudar, contribuir, reivindicar.




A esquete teatral Frida e Fritz- Um casal muito legal, dirigida por Romeu Waier, produzida pela Romeu Waier Produções e apoiada pela Associação Atlética do Banco do Brasil, cumpre sua função. Digo isso porque enquanto assistia me diverti com as gincanas, me encantei com as crianças envolvidas e me surpreendi com a aceitação do público adulto ao aceitar participar das brincadeiras. No elenco do evento temos Nara Medeiros como Frida, Fernanda Caroline como Guerda, Romeu Waier como Fritz e Evellyn Adriely como o símbolo da Borboleta Azul da cidade. Também temos Henrique Artemii assumindo a sonoplastia e contrarregrarem do evento. Uma tarde com Frida e Fritz aconteceu na semana do aniversário de Panambi que completa 69 anos, a trupe entregou brindes gratuitos a todo público, divertiu e também apresentou uma esquete teatral. Que exigiu ensaios em dias de calor, chuva e finais de semana. Onde exigiu gastos, pessoas, maquiagem, e passar por cima de várias dificuldades pessoais de cada um do elenco. Tudo isso de forma voluntária. Enquanto degustador da arte me admira muito, justamente por ver esse mesmo início de trajetória em grandes grupos de teatro agora estabelecidos. Mas também me questiono, no cartaz havia escrito como apoiadores, Prefeitura Municipal de Panambi, mas apoiou de fato oque? Enquanto se financia outros grupos de fora via Pró-cultura, será que não deveria ser considerado o investimento nos artistas locais? Principalmente naqueles que estão juntos tentando criar algo do zero? Mas é claro, isso não depende do poder público e sim de vocês amados artistas. 


Enquanto técnica teatral, a esquete traz um humor pastelão, um tipo de técnica que funciona muito principalmente quando falamos de um teatro que experimenta o ridículo, o exagerado. Conseguia perceber uma preocupação com as linhas imaginarias que dividia o palco, assim como marcações bem definidas, isso mostra que a trupe tem uma carga teórica que se diferencia de um grupo amador, oque me deixa muito animado porque pode a vir surpreender o público em novas produções. Conseguia perceber algumas gargalhadas, por vezes sorrisos tímidos, muitas vezes o público sente vergonha de rir, ou às vezes não estão acostumados a rir em público e se fecha, mas isso não significa que não seja cômico. Recebi alguns feedbacks e em sua maioria a comédia estabeleceu-se. Nara Medeiros carrega uma carreira longa enquanto contadora de histórias e agora aprofunda-se em sua trajetória enquanto atriz, consegue ser cativante e resiliente em cena, improvisa muito bem, aceita as propostas dos seus colegas com facilidade. Acredito que uma das coisas que seu diretor tem em sua assinatura e seus colegas podem aproveitar bastante é a improvisação, não é toda trupe que aceita improvisar, alguns são bem autocentrados no texto e não permitem nem uma mudança textual.



 Nara mostrou-se compreender de forma rápida os objetivos de cada cena, oque a faz ser uma aprendiz de atriz muito promissora, já que hoje em dia a maioria dos grupos de teatro não tem mais tempo para ensaiar durante meses uma peça. Estar pronto, não parar uma cena nos ensaios, improvisar, é alguns dos seus méritos. Enquanto critica construtiva, acredito que pode trabalhar mais o seu corpo em cena,  diferenciar mais tons de vozes, coluna, a máscara facial da personagem. Algo que pode te ajudar muito é levar a personagem com um tom de seriedade quase ritualístico, algo que Stanislavski chamaria de “Fé Cênica”, será que a Frida reagiria a alguém a chamando de Nara Medeiros? Ou ainda, será que ela cumprimentaria alguém que a Nara conhece, mas a Frida não? O personagem é uma criatura externa a nós, que emprestamos nosso corpo e voz para ter vida, nossas memórias assim como nossas emoções podem acabar se inter-relacionando, mas ainda assim, é outra pessoa, ser, entidade que está ali. Um exemplo disso é quando o Fritz mencionava Romeu Waier, falando de si em terceira pessoa. Para atores de longa experiência isso se torna orgânico, mas para quem está começando esses pequenos truques podem ser muito uteis para criar uma Fé Cênica mais forte. É preciso si esforçar para mante-la até o fim. Enquanto trabalho de grupo consegue manter a equipe tranquila uma vez que busca solucionar algumas problemáticas com antecedência, acredito que todo diretor se sente mais confortável quando si tem alguém na equipe que soluciona problemáticas sem esperar sempre a sua ajuda. Ainda assim acredito que possa trabalhar melhor a resiliência no processo de contrarregragem do espetáculo, uma vez que todos estão tentando achar soluções. Algo que recomendaria é entender melhor o termo “Cênico” algo que suponho que seu diretor fale o tempo todo. 


Fernanda Caroline deu vida a personagem Guerda, uma senhora rica que vem visitar sua sobrinha, de todos do elenco a quem mais foi elogiada pelo público sem dúvidas é a personagem de Fernanda Caroline, um mérito somado pela sua resiliência, garra e persistência, uma vez que confia nos seus colegas e na ideia de seu diretor, permitindo-se moldar-se como uma arte plástica, o resultado pode ser surpreendente. Fernanda tem crescido muito nas montagens, lembro de ver sua interpretação na esquete“ Mia- Uma gata sem lar” é nítido seu crescimento, não só por parte da minha única observação, mas sim também do público que vem constantemente comentar comigo nos bastidores. Fernanda é um mistério não só pelo fato de ser sagitariana, oque a torna já uma relíquia, porque é quase impossível ver sagitarianos fazendo teatro. Mas também pela sua energia, carrega algo grandioso dentro de si que aos poucos vem trazendo para fora com ajuda de seu diretor, de seus colegas e amigos. Acredito que esse é um dos seus grandes aliados, a forma que se permite entender, aprender e si relacionar. Interpretar um personagem e trabalhar em grupo são duas coisas bem diferentes. Digo isso porque a primeira coisa que percebi sua, é sua predisposição para trabalhar em grupo enquanto aos poucos aprendia a arte da interpretação, já outras pessoas pareciam solucionar a interpretação de uma forma muito mais fácil, mas outro lado era dificílimo saber trabalhar em grupo. Um ator que almeja ser bem-sucedido precisa saber ambos os universos. Você, minha cara me parece ser o tipo de atriz que precisa estudar muito a arte da interpretação, assim como aprimorar cada vez mais seus potenciais. E isso não é algo ruim, é apenas como seu corpo funciona. Existem atores que não precisam de tantos ensaios, já outros sim. E não ha problema nenhum nisso, a menos que você queira ser o artista que não precisa de ensaios, mas, na verdade, seu corpo diz ao contrário. A sabedoria inicia-se entendo as necessidades do seu corpo, e conseguindo diferenciar, saber que muitas vezes oque almejo não é aquilo que meu corpo necessita. Por isso Fernanda deixo aqui uma sugestão, estude muito! Ensaie bastante! Vá às aulas de teatro! Anote! Não permita relaxar, porque você minha cara é uma aprendiz de atriz que necessita da labuta, você nasceu com esse código genético em você. Faça uma comparação com sua dedicação com o personagem da Guerda, se com a porcentagem que você deu de dedicação já foi o suficiente para te fazer subir alguns degraus na interpretação, imagine sua total dedicação o quanto faria tu subires. Ainda diria para fazer um momento de reflexão e si questionionar o porque esta fazendo teatro, porque está começando a cativar o público.Parabéns pela tua personagem sem dúvidas um dos grandes destaques da esquete. 





A interpretação de Romeu Waier como Fritz na peça é notável e digna de elogios. Waier consegue liderar as cenas com maestria, dominando o público com sua presença magnética e carismática. Sua energia é contagiante e sua dicção é clara e precisa, o que torna sua performance ainda mais cativante.


No entanto, é importante ressaltar que, em algumas ocasiões, o ritmo acelerado de Waier pode ser um pouco claustrofóbico para o público. Aconselharia o ator a diminuir um pouco o ritmo em certas partes da peça, permitindo que o público respire e absorva melhor as emoções e nuances do personagem.


Em resumo, a interpretação como Fritz é impressionante e envolvente, mas seria ainda mais impactante se ele conseguisse encontrar um equilíbrio entre sua energia vibrante e a necessidade de dar espaço para o público respirar e absorver a história. 


É admirável como Romeu Waier, no papel de Fritz, cria um ambiente em cena que permite aos seus colegas de elenco se sentirem confortáveis para rir junto com ele. Sua habilidade de criar uma atmosfera descontraída e acolhedora é notável, e isso contribui para o sucesso da peça como um todo. Waier demonstra uma compreensão profunda do humor e da dinâmica de grupo, o que o torna um ator versátil e talentoso. Sua capacidade de fazer com que seus colegas se sintam à vontade para rir e se divertir em cena é uma qualidade valiosa e digna de elogios.


A participação de Rick Artemii como contrarregragem e sonoplasta na peça foi de extrema utilidade e contribuiu significativamente para o sucesso do espetáculo. Sua dedicação ao processo criativo e de produção é admirável e evidência seu comprometimento com a qualidade do trabalho. Artemii demonstrou um profundo entendimento das necessidades da produção, fornecendo suporte técnico e criativo essencial para a realização da peça. Seu talento e vocação para comunicação fizeram da divulgação do evento um sucesso, assim como a sua ideia com os brindes. Acredito que tens um potencial de produção cultural muito grande, mas é necessário entender, não é todos da equipe que tem os mesmos talentos que você, existem algumas tarefas que nesse momento só serão destinadas a você, e não é por falta de pessoas, mas sim porque faz muito bem o seu trabalho. Ocupe o seu espaço e tenha orgulho disso.  Embora tenha sido uma peça fundamental na produção, poderia desenvolver mais sua iniciativa. Em alguns momentos, sua dependência do diretor para tomar decisões ou dar passos importantes pode ser prejudicial ao seu crescimento. Também vale repensar como o seu humor pode afetar os ensaios ou os atores, uma vez que o processo pode ser estressante, mas não pode deixar com que isso afete suas relações. Estamos todos no mesmo barco. 


Algo muito interessante também é Artemii participar dos exercícios e atividades propostas pelo diretor nos ensaios. Embora seu papel principal seja na sonoplastia, o diretor tem planos para ele no palco, e sua participação ativa nos ensaios pode ajudá-lo a se preparar melhor para essas cenas. 


Em resumo, Rick Artemii é um profissional dedicado e valioso para a equipe. Fico feliz em ver como tens crescido com Romeu Waier desde 2015, é uma parceria que de fato tem dado certo porque ambos entendem que o debate e a crítica não é algo prejudicial, mas essencial para que toda relação dure. 


Em resumo, o evento foi um sucesso e todos da equipe estão de parabéns. A dedicação, o talento e o trabalho em equipe foram fundamentais para o resultado alcançado. No entanto, é importante lembrar que o sucesso não é apenas uma conquista, mas também uma responsabilidade. Agora, cabe a todos da equipe manter o mesmo nível de comprometimento e excelência para garantir que o sucesso permaneça. Corrigir os erros, aprimorar, solucionar os equívocos.  Além de iniciativa, é preciso manutenção. Juntos, vocês podem continuar a criar e produzir eventos de qualidade que encantem o público e deixem um legado no mundo do teatro. Parabéns a todos e vamos continuar trabalhando juntos para alcançar novos patamares de sucesso!


Considerações finais: 

  • Acredito que o presente trazido por Guerda precisa ser muito maior, para dar a sensação de estrambólico, uma vez que estamos trabalhando com a técnica teatral pastelão, é necessário tudo ser muito grande. Vemos uma colher gigante, uma frigideira enorme. O presente também precisa ser monumental. 


  • Acredito que a concepção do figurino e maquiagem dos três também pode pisar mais fundo no patelonico. Fiquei imaginando eles como bonecos de Olinda. Alguns enchimentos e linhas mais redondas podem solucionar. 


  • Algo que me incomodou um pouco é ver algumas pessoas do público atravessando o palco antes da apresentação, ou ainda atrás da coxia. O Palco é um lugar sagrado, e tudo que for profanado vai afetar a fé cênica e desempenho de vocês caros atores. Si antes de entrar em cena, estar conversando com minha tia, oferecendo pedaços de kesku para amigos e ainda usando o celular. Sem dúvidas isso ira me afetar, porque a fé cênica exige que tu te afaste de tudo que te traz para sua personalidade atriz. Deveriam estar si imaginando dentro da casa, chegando de viajem, vendo uma vaca no pasto, elementos para invocar essa atmosfera. MAIS CONCENTRAÇÃO


  • Porque o espetáculo iniciou-se mais cedo? Acredito que a direção tenha uma explicação, mas aconselho que o mesmo inicie-se no horário programado. 


  • Aconselho a trupe a pensar em uma estratégia de marketing nas redes, digo pagina, perfil ou algo do tipo para que si torne o ponto de encontro dentro do virtual para que o público curta, compartilhe e interaja. O movimento de expansão está dando muito certo, mas é preciso um local de encontro, seja virtual ou presencial. Que carregue esse elemento de grupo

  • Aconselho também que a torta seja maior, talvez algo absurdamente grande para causar mais riso e também o público entender que não se trata de uma pizza pelo formato da caixa

  • A melhor cena sem dúvidas é da cãmera lenta, acho que dá para os atores explorarem situações mais comicas e absurdas e surpresas nessa cena


Consideração Bônus

  • Confiem na direção, na produção e em vocês mesmos, tenham iniciativa, sejam mais resilientes, defendam o teatro nas reuniões com autoridades, expressem suas necessidades, coloquem o oficio acima do conforto, da dor ou do imprevisivel, tenham maturidade, exercitem a paciencia e cultivem o amor na humanidade. Se permitam ser profissionais.





Citação


"Não tenho medo de morrer; tenho pena, porque são tantas as ideias para realizar."-

Chico Anysio


"A técnica de comédia chamada "Pastelão" é um estilo de humor físico e exagerado, frequentemente associado a filmes mudos e ao cinema slapstick. O termo "Pastelão" é derivado do francês "pastiche", que significa "torta" ou "torta de carne". Esse tipo de comédia é caracterizado por situações absurdas, personagens caricatos e cenas de ação exageradas, muitas vezes envolvendo quedas, tropeços, colisões e outros acidentes físicos.

O Pastelão é conhecido por seu humor visual e físico, que muitas vezes é acompanhado por música enérgica e efeitos sonoros exagerados. Os personagens do Pastelão são frequentemente estereotipados e exagerados, com características físicas ou comportamentais distintas que são exploradas para efeito cômico.

Embora o Pastelão tenha suas raízes no cinema mudo, o estilo ainda é usado em filmes, programas de televisão e teatro até hoje. Alguns exemplos famosos de filmes de Pastelão incluem as comédias de Charlie Chaplin, Buster Keaton e Laurel e Hardy."


O melhor: O jogo organicamente comico entre os atores

O pior: A falta de assistencia adequada

26 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comentarios


bottom of page